sexta-feira, 7 de março de 2014

Caminhei mundo afora,
Busca de mim fora de mim,
A cata da identidade perfeita,
Espelho do que me angustia ou realiza.

Vi campos de batalhas, sangue inútil
Porque fora das veias, escorrendo no chão.
Vi carência e miséria, corpos desmilinguidos
Ostentando todos os precisos possíveis.
Vi homens apertados e apartados, ambições
De lugar ao sol, de saciedade urgente.
Vi a perseguição, a discriminação, o preconceito.
Vi olhares baixos e desânimo, descrença,
E a esperança pisoteada pelas patas da dor.
Vi nuvens escuras, vendavais, ausência de sol.

Descrente da possibilidade de harmonia,
Resolvi aposentar os meus sorrisos,
A cultivar tristezas, e descobri a poesia.


Francisco Costa

Rio, 25/02/2014.

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