A Copa vem
aí.
Eu desconfio
Porque o ar
está leve,
Verdamarelo,
Em brisa
morna
De paz
estampada.
Sinto cheiro
de gol,
De palavrões
Em lábios
pouco afeitos
Aos
impropérios da pátria,
Aquela
população de onze
Em combates
de chutes.
Aquele moço
tirou a máscara,
O
guerrilheiro se desarmou,
Os
estudantes mataram aulas,
E a campanha
eleitoral calou,
Está
suspensa, sem partidos
Porque agora
um país inteiro.
Sem
revolução e sem tiros,
Sem reformas
e sem leis,
As classes
foram abolidas,
E nas ruas
abraçam-se juntos
O mendigo e
o burguês,
Por conta de
mais um gol.
Se chove ou
se ensolara tudo,
Que
diferença ou prejuízo traz?
O importante
é o impedimento,
A lateral, o
tiro de canto, o gol,
Aquele balé
de pernas e gestos
Coadjuvando
a rainha, a bola.
Por um mês o
mundo será outro,
Parado, de
conflitos suspensos
E ações
estáveis nos pregões
E praças,
quartéis e camas,
Porque o
homem terá criado
Juízo e se
reencontrado,
Trocando as balas
por bolas.
Francisco
Costa.
Rio,
26/03/2014.
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