sexta-feira, 7 de março de 2014

AO SOM DE PETER CETERA

Então chegas assim,
Sem prévio aviso,
Repentina e certa,
Pondo-me de alerta,
Tirando-me dos versos
E das tintas, de tudo,
Em atrapalho do estudo.

Justo quando estou distraído,
Perdido nos meandros de mim,
Surges, fazendo-me atento
Ao que se esconde,
E com que intento,
Se só passatempo
Ou ponte entre o aqui e o longe
Que se quer perto,
Ainda que em pensamento.

Temporã aparição, desarrumas
O que eu supunha ordenado,
Cada coisa em seu cabide,
Mente, vontade, coração
Trancados com cadeado.

De que verso te alças
Se os percorri a todos,
Certo de trazer-te a um poema,
Sem saber que, distraída,
Eras já o meu motivo e meu tema,
Em sigilo fazendo morada,
Como a esperada namorada.

Francisco Costa

Rio, 22/02/2013.

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