sexta-feira, 7 de março de 2014

Como dizer confio em ti
Se tens a vulnerabilidade da flor,
Baldia e abandonada, a mercê
Dos ventos, insetos, chuvaradas?

Como apartar-me da desconfiança
Se flanas, deliciosa e doce, serena,
No olhar dos homens que te cobiçam
E elegem matéria da imaginação?

Como render-me a teus encantos
Se trazes a transitoriedade de versos
Que não se bastam redigidos, ansiando
Leitura  e decifração, posse, admiração
De leitor surpreendido, atento à posse?

Como entregar a ti o meu passado,
Compartilhar o presente,
Anexar o futuro, em oferenda no escuro?

Então fica assim como está, não mais.
Nos limites dos nossos corpos em êxtase,
Pura agonia do que não se basta
E quer mais.

Francisco Costa

Rio, 06/03/2014.

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