Não me peçam comiseração depois,
Armaram-me a alma e a disposição,
Intoxicando-me de raiva e revanche.
Não se pode quieto e calmo, mudo,
O que em si leva a indignação e a
dor,
Arrastando-as, fardo incômodo,
No calvário de todos os dias e
noites,
Palcos onde se encenarão batalhas.
Ferido sim, mas não mortalmente.
De ferida aberta, mas sem mutilação,
Ainda capaz da insistência e do
estoque,
Da cobrança, de empreender a luta.
Não me peçam recuo, parcimônia,
Risco calculado, baionetas caladas.
Trago em mim agora uma bomba
Sem controle e sem pavio, a esmo,
Prestes a semear estragos e ódios,
A me reinaugurar combatente novo,
Trocando musas, sorrisos e versos
Pelo velho e bom combate,
De verdade,
Espantando o que me aflige e mata.
Consola-me saber que não estarei só,
Que o que me rói e corrói,
Como em mim, incomoda a muitos.
Juntos, poderemos ser todos.
Francisco Costa
Rio, 18/04/2016.
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