domingo, 2 de junho de 2013

POLITICAMENTE CORRETO É O CACETE

Entre os muito modismos impertinentes,
Sempre saídos dos crânios colonizados,
Agora importamos da matriz americana
O tal do politicamente correto. Correto?

Logo a macacada amestrada aderiu,
E as brincadeiras e apelidos, demonstrações
De criatividade e afeto na infância,
Virou bulling. A corte, a paquera, o flerte
Transubstanciaram-se em assédio sexual.

Os apelidos aos amigos negros, amigões,
Sem que tivéssemos tido tempo
De perceber-lhes a cor da pele, de tão amigos:
Negão, bola sete, tiziu, picolé de asfalto...
Virou racismo. Aliás, negros não, afrodescendentes.
(uma criança filha de louros africanos
É eurodescendente?)

Favela é depreciativo: tem que ser comunidade.
Pobre virou carente; drogado, quimiodependente.

(por trás desses termos esconde-se o preconceito
Mascarado, escondido, politicamente correto)

E por trás disso desenvolveu-se a prosperidade
Das bancas de advogados e escritórios legais,
Prontos para cobrar danos morais.

Está criado o coitadismo, o vitimismo...

Não seria melhor acabar com a palavra pobre
Acabando com a pobreza? Com o racismo
Fazendo a inserção social de milhões de negros
Abandonados em favelas (não pode, comunidades)?

Não seria melhor como nos velhos tempos,
Quando as mulheres diziam não, é minha, não dou?

Politicamente correto é aquele cara racista
Que não fala negro, fala afrodescendente;
É homofóbico mas não pronuncia viado,
Mas homossexual, ou de opção sexual diferente;
Acha que o sistema é muito bom,
Pena que haja carentes, para atrapalhar.

E aí empregos? Não, bolsa família.
Escola de nível? Não, cotas nas universidades.

Em tempo: dizer que a maioria dos irmãos
São vítimas de lideranças religiosas ladras,
E que o conformismo social dos religiosos
É um atravanco ao desenvolvimento humano
Também é politicamente incorreto.

Aconteceu o que nunca pensei acontecer
Em algum momento da minha vida:
Virei conservador. Politicamente correto
É a nova vaselina do sistema nos incautos.

Continuo politicamente incorreto, de esquerda,
Dizendo palavrão, botando apelidos,
Cantando a mulherada, achando político ladrão,
Religião uma merda e que tudo pode ser mudado,
Desde que os politicamente corretos acordem.

E tenho dito!

Francisco Costa

Rio, 27/05/2013

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