domingo, 2 de junho de 2013

OS OCULTOS

Guardei alguns versos
E esses não publicarei.
Nascidos do mais íntimo,
Esses choram, lastimam,
Escondem-se, envergonhados.

São os versos dos meus fracassos,
Das minhas dores mais secretas,
E em si purgam vergonha ainda.

De que adiantaria dividi-los?
Seriam lidos com o distanciamento
Dos imunes, dos que se terminam
Nas próprias dores e vergonhas.

Somos assim, trancados
Em cofres com segredos,
Em páginas de senhas esquecidas,
Solidários só nas cadeias e velórios.

Cada homem é só uma letra
Recusando-se a outras letras
Para formar palavras.

Por isso a ausência de nexo e texto,
Nesta página não escrita,
De sentimentos não explícitos,
Sonorizados no silêncio.

Francisco Costa

Rio, 29/05/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário