Eis-me em
prostração a teus pés,
Em sincero
esforço de humildade,
Não para
súplicas, rogos ou pedidos.
Vim só para
falar o que sempre calo,
Escondo, por
presunção ou vaidade:
Te acho a
mais perfeita e bem acabada
Forma
humana. Modelo e exemplo.
Tu és o que
caminhou na lama
Mergulhou na
lama, convivendo
Com os da
lama porque de lama,
E saíste
limpo, incólume, imune,
Sem manchas
ou nódoas, máculas,
Mostrando o
difícil mas não impossível.
Este talvez
o teu lado divino,
Mas há o outro,
onde bebi:
Bem poderias
ter te curvado a César,
Contado
histórias a Pilatos,
Ter
permanecido anônimo e medíocre
Na
marcenaria de teu pai.
Mas diante
do próprio destino,
Anunciado
como de sangue e fúria,
Foste de
fronte erguida e peito aberto.
Teu compromisso?
Tua consciência.
Tua arma?
Tua coerência.
E os
poderosos ouviram não.
Julgando em
vil tribunal
De cartas
marcadas, ouviram não.
Batendo e
cuspindo, ouviram não.
Impondo o
suplício e a tortura,
Continuaram
a ouvir não e não.
Em sangue e
chagas, dentes trincados,
Quando já,
exangue, não podias dizer não,
Balbuciou,
sussurrou, só insinuou: não!
Este o maior
dos teus ensinos.
A essência
do teu legado,
A maior
lição: estar pronto para dizer não,
Sem medir
preço ou consequência, punição.
Pra mim essa
a tua maior lição:
Viver e
morrer com determinação,
Fiel à
própria consciência e convicção,
Abrir mão do
sim fácil e insistir no não.
Por isso
estou aqui, a teus pés, humilde,
Para pedir
forças e coragem, determinação,
Para
continuar dizendo não
Por mim e
pelos que não aprenderam a dizer,
Enquanto eu
estiver escravo da indignação.
Francisco
Costa
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