sexta-feira, 7 de junho de 2013

IMPOTÊNCIA E LÁGRIMAS

IMPOTÊNCIA E LÁGRIMAS

Queria-me miúdo, dores miúdas,
Sorrisos poucos, vontades miúdas,
Questionamentos pequenos,
Dúvidas mínimas, saberes todos.

Propenso ao sempre maior do que eu,
Vergo-me em dores descabidas,
Exageradas, que não deveriam ser minhas,
Porque nada para a melhoria do mundo,
Célere em seu movimento independente,
Acima e alheio a indivíduos.

Meus sorrisos são largos, francos,
Exagerados, sem motivos aparentes
E por qualquer coisa, como se eu pudesse
Me por em comunhão com a felicidade.

Minhas vontades nunca começam em mim
E sempre me ultrapassam, se exteriorizam,
Para terminar longe, bem longe de mim.
Minha fome é insaciável porque gigantesca,
De todos os corpos, e minha sede não se basta
Em poucos copos, quer hidratar desertos.

Meus desejos invadem olhares que passam,
Ancas, quadris, coxas... Corpos todos
Porque ambiciono a feminilidade absoluta
E ela só existe por pouco tempo, inconstante
E evasiva na que se doa por partes
E por momentos, plantando saudades.

Questionamentos? Só os tenho, sem respostas,
Porque o infinito é infinito, e a eternidade...
Espaço que não se basta em números nem cabe
No cérebro humano, muletas de ambições,
Mas sempre materiais, comestíveis, palatáveis
Ou pelo menos ao alcance dos mercados.

Dúvidas? Eu só as tenho, sou a própria dúvida
Ostentando-se procura desenfreada e sempre,
Quase desesperada como um braço no precipício.

Saber? Sim, aqui sou miúdo, pequeno, mínimo
E aqui nasce o vazio, o nada, a impotência
De oferecer-me qualquer coisa sensata,
Capaz de justificativas e motivos de risos.

Entre homens, micróbios e galáxias
Purgo a condição humana, enganando-me
Em livros, filosofias, sexo e versos.

Quero-me maior, mas sou só um homem
Diante da eternidade e do infinito,
Só uma impossibilidade que escreve,
Talvez para se acreditar maior.

Francisco Costa

Rio, 07/06/2013.

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