domingo, 2 de junho de 2013

GRAVIDEZ PERMANENTE

Grávido de poemas,
permito-me a parto contínuo,
numa hemorragia de palavras
traduzindo-me mais do que eu,
todos,
porque porta voz do humano,
do que pouco difere em cada um,
rês num rebanho de espanto
diante das solicitações do mundo.

Parturiente em sua hora,
em sangue e lágrimas,
as vezes sorrisos,
enuncio em versos
o poema escondido
que habita o peito de cada um.

Poeta? Só um eufemismo
para garimpeiro de corações,
um fofoqueiro das emoções.

Não escrevo, me escrevo,
e me escrevendo outro
no outro sou sempre melhor.

Cada homem é um poeta.
Alguns escrevem, todos sentem.

Francisco Costa

Rio, 05/05/2013.

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