Enredado em
canções e poemas,
Perdido
entre palavras e acordes,
Busco as
razões desse romantismo
Que avassala
e submete, escraviza.
Volto ao
passado, perquirindo,
E me
encontro menino na feira,
Apregoando
verduras e legumes,
Atento às
meninas e suas bolsas,
Vendo-as
oportunidades.
Depois de
microfone em punho,
Apregoando
mudanças nos dias,
Incitando a
um mundo novo,
Fazendo-me
anteparo da repressão
Armada de
moedas e metralhadoras.
Encontro-me
em salas de aulas,
Auditórios,
em voz solta, esgarçada,
Proferindo
sentenças de estupro
Ao que se
anuncia feio e frio e findo:
A pobreza, a
miséria, a carência
Ornando-se
preocupação primeira.
E trancado
no atelier, redirecionando
O que os
olhos veem, corrompendo
A realidade,
subordinando-a a mim.
E em camas,
em casa, hotéis, motéis,
Casas
outras... Em dádiva permanente,
Experimentando
no físico a comunhão
Posta nos
discursos, nos textos,
Quadros,
gravuras... Todo ao alcance.
Imperativo
de mudança, em mim
Acumpliciaram
romantismo e dor.
Agora,
decrepitude se avizinhando,
Olho para a
janela e o sol me avisa:
Não mais
fome e sede, insônia. Menos
Maratona de
sexo, orgia de sentidos.
Você não
aguentaria.
Mas ainda
lhe restam os dedos. Digita!
Faz no
teclado o que no mundo fazia.
Se já não
podes mais a ação,
Podes ainda
a poesia.
Francisco
Costa
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