Ao leigo
cabe a crença de que beijar é encostar bocas.
Não basta.
Há sim o beijo de boca, e na boca o prazer:
O beijinho
de mero roçar de lábios, selo de carinho só,
Despido de
eros e tanatos porque ausência de
maldade.
O beijo de
línguas que se tocam em ansiedade de toques
Outros, em
todo o resto do corpo, campos de prazeres;
Ou de
línguas que mais que se tocam, se esfregam,
Se enroscam,
molhadas molhando, espalhando umidade
Em todo o
resto do corpo agora só língua em atividade;
O beijo
mordido, que não poupa línguas e lábios, nada,
E se consuma
em gemidos de prazer e dor amanhecidos
Do desejo, a
extrema tentação em exercício, a morte
De si porque
renascimento no outro, no que recebe o beijo.
O beijo
singelo, de mãe e filho, pai e filho, amigos
Em comunhão
rápida de lábios no rosto, beijos despidos
De glândulas
e hormônios e que se bastam no estalo,
Ruído de
beiços em carícias de coração se espreguiçando.
E há o beijo
não dado, vestido de puro erotismo, ansiedade,
Imaginação
em atividade, ânsia de experimento e prova.
O beijo,
sim, o beijo, essa resposta do coração a quem bateu:
- Pode entrar!
Francisco
Costa
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