domingo, 2 de junho de 2013

BEIJOS

Ao leigo cabe a crença de que beijar é encostar bocas.
Não basta. Há sim o beijo de boca, e na boca o prazer:
O beijinho de mero roçar de lábios, selo de carinho só,
Despido de eros e tanatos porque  ausência de maldade.

O beijo de línguas que se tocam em ansiedade de toques
Outros, em todo o resto do corpo, campos de prazeres;
Ou de línguas que mais que se tocam, se esfregam,
Se enroscam, molhadas molhando, espalhando umidade
Em todo o resto do corpo agora só língua em atividade;

O beijo mordido, que não poupa línguas e lábios, nada,
E se consuma em gemidos de prazer e dor amanhecidos
Do desejo, a extrema tentação em exercício, a morte
De si porque renascimento no outro, no que recebe o beijo.

O beijo singelo, de mãe e filho, pai e filho, amigos
Em comunhão rápida de lábios no rosto, beijos despidos
De glândulas e hormônios e que se bastam no estalo,
Ruído de beiços em carícias de coração se espreguiçando.

E há o beijo não dado, vestido de puro erotismo, ansiedade,
Imaginação em atividade, ânsia de experimento e prova.

O beijo, sim, o beijo, essa resposta do coração a quem bateu:
-  Pode entrar!

Francisco Costa

Rio, 24/05/2013

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