domingo, 2 de junho de 2013

AOS DOUTORES DA LEI

Meus Deus, quando só nós dois
E por instinto Você me aponta
A sua obra em curso, evoluindo,
Quedo-me, misto de ignorância,
Estupefação, fascínio, admiração
Diante do que se anuncia exato.

Se viajo no macro, na imensidão
Povoada de miríades de galáxias,
Onde provavelmente pulula vida,
Viajo sonhos avessos à insensatez
Do comum, em textos sagrados
E moedas, cheios de verdades.

Se vou ao micro, átomos de luz
Condensam-se matéria palpável
E se entrelaçam em dançares
Até se erguerem coisa viva, vida
Povoando teu jardim encantado.

Eles não sabem do tamanho de tudo,
Da complexidade de tudo, de tudo.
Por isso O encarceram em livros
E sermões, tão despropositados
E inocentes, a ponto de suporem
Deter conhecimentos definitivos
De Suas vontades, determinações,
Propósitos, motivações, desígnios.

Pela obra avalio o artista, mas...
No Seu caso, perdão, eu não sei.
A minha pequenez de menino
Diante do infinito e da eternidade
Põe-me diante do inimaginável,
Do incogniscível, do não verbal
Das minhas orações em silêncio
De contemplação e êxtase.

Tenho um filhinho de cinco anos,
Senhor. Ele acredita em papai Noel.
Está convicto, tem certeza, ora
Pedindo os presente que compro.
Compro por entendê-lo inocente.

E é em nome dessa nossa inocência
Que peço: abençoa-nos, cobre-nos
De proteção, aponta-nos a luz.
Um dia meu filho saberá de tudo,
Quem é Noel, quem estava por trás.

Um dia saberemos o que é Você,
Mas agora não. Somos meninos
Ainda.

Francisco Costa

Rio, 25/05/2013.

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