quarta-feira, 8 de maio de 2013

VIRTUAL


Agora viajo num mundo virtual,
Onde pouco faz sentido e nada
Se assemelha à realidade posta
Na vida real e suas solicitações.

Tudo tem mais cores e cintila
Em meu monitor, janela surreal
Aberta ao que nunca imaginei.

Em photoshops e congêneres
Peixes copulam com pássaros
E as flores cintilam orgasmos
Em cores inusitadas, interditas
Ao que se faz presente nos dias.

Em descomunal abraço viajo
Milhas muitas, antigeográficas,
E partilho meu coração assustado,
Minhas idéias de província,
Agora universal.

Já não sei das livrarias e sebos,
Menos das lojas de discos.
A cultura agora me chega diária,
Intermitente, contínua, sempre,
A um clique do mouse.

Mesmo o sexo despiu-se da posse,
É agora imagens paralelas e sons
Cibernéticos, digitados, sinalizados,
Sem hálitos e frios, despersonalizados.

Não foi esse o mundo que esperei,
E se me permito é porque a alternativa
É estar só, desplugado do semelhante
Longe, só uma idéia e um rosto,
Mera possibilidade de um sorriso
Na foto do perfil.

Meu mundo ideal não tem máquinas
E as pessoas não mandam beijos,
Beijam-se.

Francisco Costa
Rio, 02/03/2013.

Um comentário:

  1. Queremos mundo...único, Francisco! " E as pessoas não mandam beijos,
    Beijam-se." Simples e gostoso...bem assim! <3

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