Não
consumidor de drogas,
salvo
ocasionais analgésicos
em choque
com a constante cefaléia,
sem nenhum
experimento no histórico,
surpreendi-me,
sem uma explicação
para a
realidade que me rodeia:
Erigido a
símbolo de mudança,
o radical
neo tornou-se prefixo
anunciando
as boas novas,
novidades
que me rodeiam,
em delírio
de drogado em abstenção:
os
neoliberais agora ansiam ditaduras,
e
preparam-nas, enquanto o povo dorme;
os
neocomunistas privatizam, vendem
o bem
público, edificam a miséria;
os neo
religiosos colocaram catracas,
roletas,
postos de pedágios no paraíso;
democratas
pregam o extermínio da oposição;
a justiça
recuperou a visão e viu o cofre.
Não tarda e
as neo virgens
trabalharão
nas zonas;
os neo
políticos, em mosteiros;
os
terroristas, em asilos e orfanatos.
Perdi a
capacidade de entendimento,
de analisar
uma simples letra de música,
poemas que
se propõem musicados.
O que
quereria dizer, por exemplo,
lec lec, é o
tcham, trambôi nos óio
vou te comer, cachorra!, é o bole-bole?
Preciso
parar com o café e os cigarros.
A cafeína e
a nicotina enlouquecem,
fazem ver
tudo invertido,
acreditando
que os conservadores
se tornaram
a ponta da vanguarda.
(agora Lula
está escrevendo livros,
já sabe o
ele e o i. Só falta aprender
o vê, o
erre, o ó e o esse.
Não é
crítica ao ex-simplório operário
nem preconceito
com o não saber,
mas aos neo
intelectuais
teorizando
sobre o que nem supõem,
em rebate a
teorias consagradas
e defesas de
estapafúrdias teses).
Parei com os
cigarros. Parei com o café.
Tenho medo
de me tornar neo heterossexual
e me
apaixonar pelo vizinho.
Francisco
Costa
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