segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sonhar Caravelas (Um poema de natal)

Sonhar Caravelas
(Um poema de natal)
Sonhei caravelas lotadas de sonhos,
muitas, em esquadra enorme
singrando os mares da minha imaginação.

Chegavam carregadas, convés e porão,
com o que não ocupa espaço, só o coração.

Imunes às tempestades, alheias às noites,
atravessaram temporais de saudades,
vendavais de solidão, borrascas de tédio
e aportaram imunes, hoje, no meu sonho.

Uma trazia esperança; outra, alegria;
ainda outra, fé; e mais outras carregadas:
confiança no futuro, solidariedade ao irmão
temporariamente cego a caravelas;
resignação diante da própria dor
porque a do semelhante pode ser maior;
e amor. Amor em todas as suas variantes:
da mãe que embala e amamenta o futuro;
do pai que garimpa pão e segurança;
dos antepassados que oram e velam;
dos descendentes que nos continuarão;
do corpo parceiro, crescendo em nós
para permitir o nosso próprio crescimento,
alternando-se em lágrimas e orgasmos.

Atento ao que é mágico, observador dos dias,
tentei identificá-las, perceber se nas velas,
nas bandeiras, bandeirolas ou nos cascos
mostrava-se-me uma palavra, uma imagem,
e havia. Não era das cortes portuguesas ,
iguais às que navegam os meus livros,
menos de Holanda ou Espanha, e, alívio,
não traziam crânios de fêmures cruzados.

Em todas elas, luzindo em luz natural
cintilando em promessas,
uma única e mesma palavra: natal.

Francisco Costa
Rio, 23/12/2012

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