terça-feira, 7 de maio de 2013

SANGUE E SONHOS


A vida me prometeu muito
E grávido de muito
Descobri a poesia.

Poemas não curam dor de dentes,
Não pagam dívidas
Não revelam a divindade no altar.

Cedo descobri os poemas
E eles me disseram muito
Acerca desse instante frágil
Nos limites do não existir
Nascimento e morte.

Poemas não curam dor de dentes,
Não pagam dívidas
Não revelam a divindade no altar.

Viver é verter sangue, sangrar.
Os homens sangram nos mercados
E sangrando temem a morte.

Contar moedas é sangrar.
Cumprir compromissos inadiáveis
E se submeter ao protocolo das horas,
De alma coxa e sentimentos aleijados
É sangrar.

Viver é verter sangue, sangrar.
Já os poemas fundem sangue e sonhos.

Francisco Costa
Rio, 05/04/2013.

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