Era uma
estrada única,
esburacada
em alguns pontos,
perfeitamente
lisa em outros,
com altos e
baixos, saliências,
irregularidades,
desníveis,
mas cercada
de sol e flores,
sempre
apontando o norte,
o futuro.
Quis a vida
e suas implicações
que se
bifurcasse, trifurcasse,
quadrifurcar-se,
multifurcasse
em muitas
estradas outras,
de rumos
vários e desconhecidos,
com
inesperados segredos
e surpresas
em seus itinerários.
Ansiaram-se
retas permanentes,
mas
obstáculos postos nos caminhos
sevaram a
sinuosidades e desvios,
muitas
curvas, afastando-as,
cada qual de
destino próprio,
pessoal, mas
de mesma origem,
deixando-as
próximas e semelhantes,
embora
distantes e diferentes.
Multiplicaram-se,
ramificaram-se
em estradas
outras menores:
ruas, becos,
vias, ruelas...
A que
chamaram filhos, netos...
Aumentando-lhes
o trânsito e o desgaste,
até que,
cansadas da viagem em si próprias,
saudosas das
origens, via única e comum
partilhando
o mesmo trânsito,
resolveram
se encontrar.
E perceberam-se
muito ramificadas,
complexas em
suas geografias
de destinos
aleatórios, impossibilitadas
de serem
estrada única outra vez.
E decidiram
que, diante da impossibilidade
de se
tornarem estrada única novamente,
se
encontrariam numa noite iluminada,
cheia de
sorrisos e crianças que, logo logo
partirão e se tornarão estradas também
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