quarta-feira, 8 de maio de 2013

REENCONTRO (FAMÍLIA)


Era uma estrada única,
esburacada em alguns pontos,
perfeitamente lisa em outros,
com altos e baixos, saliências,
irregularidades, desníveis,
mas cercada de sol e flores,
sempre apontando o norte,
o futuro.

Quis a vida e suas implicações
que se bifurcasse, trifurcasse,
quadrifurcar-se, multifurcasse
em muitas estradas outras,
de rumos vários e desconhecidos,
com inesperados segredos
e surpresas em seus itinerários.

Ansiaram-se retas permanentes,
mas obstáculos postos nos caminhos
sevaram a sinuosidades e desvios,
muitas curvas, afastando-as,
cada qual de destino próprio,
pessoal, mas de mesma origem,
deixando-as próximas e semelhantes,
embora distantes e diferentes.

Multiplicaram-se, ramificaram-se
em estradas outras menores:
ruas, becos, vias, ruelas...
A que chamaram filhos, netos...
Aumentando-lhes o trânsito e o desgaste,
até que, cansadas  da viagem em si próprias,
saudosas das origens, via única e comum
partilhando o mesmo trânsito,
resolveram se encontrar.

E perceberam-se muito ramificadas,
complexas em suas geografias
de destinos aleatórios, impossibilitadas
de serem estrada única outra vez.

E decidiram que, diante da impossibilidade
de se tornarem estrada única novamente,
se encontrariam numa noite iluminada,
cheia de sorrisos  e crianças que, logo logo
partirão e se tornarão estradas também

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