Há que se
cantar o amor,
esse
magnetismo natural que permeia tudo,
unindo
galáxias e corações, induzindo
à cópula
tudo o que vive, usina de emoções.
Há que se
cantá-lo em cada oportunidade,
no gesto
despretensioso da mulher na praia,
espojada em
sol e brisa, no sorriso do menino
mastigando
inocência e caramelos,
em cada
pétala, seja de carne ou vegetal.
Sim,
cantemos o amor, essa magia inexplicável
que se
alterna em risos e lágrimas, habita,
imponderável,
cada partícula de cada coisa.
E se os
cientistas buscam a unificação das forças
em força
única manifesta em todas,
para que o
Universo faça sentido e tudo se explique,
no campo do
não científico, porque não quantificável,
não
exprimível, senão em gestos e palavras,
há essa
outra força, única e totalitária, onipresente,
de
manifestação vária e cotidianamente à mostra.
Extremistas,
os homens.
Os das
ciências, atordoados e atentos,
buscando a
força única e primordial, mãe de todas.
Os poetas,
por já conhecerem,
negligenciando
todas as suas manifestações,
por tê-las
menores e poucas, sem importância.
Só falam de
si e seus amores miúdos, monocordicamente,
como se todo
o universo começasse e terminasse ali,
no que
pensam e sentem, e tudo o mais fosse nada.
Pouco leio
versos sujos de terra e sangue, sem dentes,
de mãos
postas, não em preces, mas em súplicas.
Raros são os
versos que desancam os partidários do não amar,
os que
elaboram leis postas para impedir o trânsito do amor,
os que
tentam ordenar os vôos dos pássaros, a trajetória do sol,
e
disciplinar as cores postas nas retinas do artista distraído.
Não, não
vejo os que garimpam miséria e pão, esperanças,
choram a
orfandade dos poetas só atentos às suas
musas,
como de
mesma orfandade choram os encarcerados e mudos
no
anonimato do não saber, no abandono da alienação.
E que não se
culpe a poesia e os seus artistas.
Poeta que se
repete, repetindo sempre as mesmas palavras
para
descrever sempre a mesma emoção,
é poeta mas
não é artista, é artesão.
Francisco
Costa
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