terça-feira, 14 de maio de 2013

POEMAS QUE PERDI


Chove poemas no meu quintal,
Inundam o jardim,
Mancham a varanda
Num estranho temporal
De palavras desabando.

O silêncio é  total,
Sem trovões troando,
Relâmpagos em guirlanda,
E desabam sobre mim.

Coloridos, esbanjam cores
Em todas as tonalidades:
Este branco luzidio, de paz
Aquele rubro  de sangue
E muitas cores outras mais:
Rosas contaminados de amor,
Negros de luto e dor,
Amagentados de orgasmos,
Cinzas de neutralidade e ócios
Azuis imensos de cosmos,
Amarelos de bons negócios.

Uns caem e escorrem, livres
Outros repicam, rimados.
Há os que chegam ritmados
E os que se arrastam tristes.

Não há baldes, bacias, latas.
Procuro canecas, copos...
E não encontro, e passam.

Mais uma oportunidade perdida.
Um temporal de inspiração
Hidratando esse velho coração

E eu distraído, contraído
Para maldizer mais tarde
Triste e constrangido
A omissão, o dever não cumprido.

Francisco Costa
Rio, 19/11/2012.

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