terça-feira, 7 de maio de 2013

PAISAGEM SUBMERSA


Aqui, palco do contrário,
o sol está fora, do lado de fora,
como a flor atrás da parede,
só que de vidro, em permissão
que se mostre, só negue o cheiro.

Aqui tudo de peso pouco
e movimentos lentos,
num balé inusitado e permanente.

Nos jardins de solos de pedras,
actínias, hidras, águas vivas
salpicam-se cores entre corais,
como se Van Gogh e seus pincéis
tivessem passado por aqui.

É tudo tão absurdamente bonito
que aqui bicho é planta
e planta é bicho, em atestado
de que a razão humana
é só um detalhe,
um acidente cósmico
que só em si se justifica.

Francisco Costa
Rio, 28/02/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário