terça-feira, 7 de maio de 2013

OUVINDO STEVIE WONDER


Sim, há o mar, respingos de cintilações crepusculares
inundando a tarde morna ornada em flores na areia.
O ir e vir das ondas quebrando espuma e sons, sal
posto no vento marinho dançando com as palmeiras.

Há um pescador, calças arregaçadas, chapéu de palha,
garimpando refeições escondidas em cores e formas
que ainda a pouco pastavam entre corais e actínias,
alheios aos anzóis da morte, ao sol, à areia quente.

Há meninos correndo, meninas espiando e mulheres
ansiando fugas da pouca roupa, mais revelando, nuas,
que escondendo. Quieto e calado, mastigo, em agonia,
as impressões da tarde, alheio, como se fosse a última.

Em meus olhos, vãs as impressões do mar se anunciando
festa aos sentidos, orgia da vida amanhecida dos sonhos.
Em meu peito só a imensidão do mar,
a solidão do nauta que ainda não se sabe na praia,
e nunca saberá.

Francisco Costa
Rio, 05/03/2013

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