Sim, louco,
maluco de pedra ensaiando passos
na contramão
do que é sensato, tolerável,
normal.
Pirado, definitivamente lunático, treco,
crente das
coisas do amor e das paixões, das
doideiras
postas no que interdito aos normais.
Sim,
piradinho de todo, jogando pedra em avião,
andando à
esmo e ao léu, subtraído da razão,
diuturnamente
habitando absurdos, viajando
sonhos
escorrendo dos jardins, caindo do céu,
tropeçando
em risos, absolutamente pinel.
Sim, avesso
ao certo, ao fácil e perto, a descoberto,
navegando
nuvens, entre margaridas e magnólias,
definitivamente
despido das convenções e dos ritos,
das leis,
postulados, determinações, regulamentos,
mero
monumento às derrotas e lutas inglórias.
Sim, eu, o
estranho, enclausurado em mim mesmo,
construindo
pontes, caminhos, trilhas, atalhos...
Torturando-me
em cortes, chicotes, calos, talhos.
Eu, redator
do que se esconde no óbvio e se mostra,
escancarado
e lógico, aos cegos, aos míopes
de olhos
presos nas vitrines, nos cofres, nos balcões.
Eu que,
quase sempre chorando, redijo poemas.
Eu, amigo
das fadas, amante das musas. Eu,
absolutamente
só, habitando a minha loucura,
facho de luz
fraca tentando iluminar a noite escura.
Eu, uma
tentativa de poesia, simples impostura,
mera
fragilidade servindo-se de uma armadura
de palavras
gastas e antigas perdendo-se no dia.
Eu.
Francisco
Costa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário