Senhor,
eis-me despido de qualquer coisa
que não a
ambição de me fazer feliz
na
felicidade alheia porque continuação de mim.
Sei que o
mal está em nós, por isso imploro
comedimento
e sensatez, se possível, prudência.
Encaminha-nos
na direção da paz, livra-nos
de todas as
formas de guerras, de belicosidade:
as que se
estampam em armas de fogo e sangue
e as que
transcorrem surdas em armas outras:
em punhais
linguísticos que rasgam e sangram;
em corações blindados, imunes a afetos e
chegadas;
em mãos
fechadas, das quais nunca nada sai;
em punhos
cerrados, prontos ao soco, ao muque,
ao nocaute
da dignidade e do amor próprio;
em gritos intimidatórios de ameaças e
humilhação.
Faz de cada
momento nosso instante de lucidez.
Faz da
lucidez comportamento obrigatório,
permanente,
compulsoriamente obrigatório,
como a
necessidade de ar e calor, de estar vivo.
Varre de
cada um de nós o individualismo infantil
a nos
limitar nas próprias peles e quereres,
como as
nuvens que não se sabem parte do mar.
Varre em
definitivo de nós esse pessimismo tonto
que nos faz
esperar sempre o pior de cada um,
a apostar no pior, certos do fracasso iminente,
como um
náufrago descrente de ilhas e praias.
E se me
permite uma manifestação de egoísmo,
de só pensar
em mim por um minuto,
um pedido
pessoal: continua me mandando versos.
Prometo
continuar a transcrevê-los um a um,
às vezes
bobos, falando de mim e das minhas dores,
miúdas, sem
graça, passageiras como os dias,
mas quase
sempre brotados da indignação,
de perceber
que nós, eu e meus semelhantes,
insistimos
em nos espetar mutuamente
com as
flores que Você espalhou em nossos caminhos.
Amém.
Francisco
Costa
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