Atolado em
tédio e marasmo, triste/enfadado,
percebi que
era hora de procurar a felicidade,
e empreendi
pernas mundo, vida afora.
Primeiro
pensei tê-la encontrado abandonada
em casinhas
que nascem na beira das estradas,
entre
encostas e campos, bois e olhares curiosos.
Nada.
E fui à
matemática, inundei-me de números,
símbolos,
postulados, teoremas, incógnitas,
e descobri
que equações são poemas sem odor.
Nada.
Cabisbaixo
desesperançado, fui às religiões,
cada qual
com um deus mais terrível,
mais
vigilante e vingador, em ameaça permanente.
Nada.
E à
filosofia, codificação das nossas intempéries,
dos nossos
quereres ainda não emancipados.
Nada.
Às artes,
atividade dos meninos que insistem em nós;
às ciências,
culto a Deus pelo avesso,
em sentido
contrário porque depois de Einsten
o
imediatamente à frente está em nossas costas.
Nada.
Já me
pensava plantador de orquídeas
ou criador
de alguma coisa meiga, dócil,
que
cintilasse, e resolvi voltar para casa.
Na janela,
agarrado às grades, meu filho,
o caçula, em
seu sorriso mais puro,
como nuvens
brancas sobre o azul.
Vendo-me,
principiou a saltitar sobre as perninhas miúdas.
E então
percebi, tomado de encanto,
que quase
sempre o instinto fala mais que a razão:
sem saber,
mandei colocar aquelas grades
justamente
para a felicidade não fugir.
Francisco
Costa.
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