terça-feira, 7 de maio de 2013

NEM VIAGRA, DOUTOR?


Fico pensando no mais adiante,
quando, quietinho e encolhido,
eu não me bastar na memória
das fartas colheitas a início,
das razoáveis colheitas sempre,
e me quedar ansioso e tenso,
propenso à flor de que mais gosto.

E fui ao médico, meu terrorista
preferido, sempre de plantão,
pronto às minhas dores físicas e,
literalmente, as do coração.

Falei-lhe da minha apreensão,
da impossibilidade total, de ver
lembrar, talvez pegar, sentir, e...
Doutor, para mim será fatal.

Nem pense em viagra! Ar doutoral:
enfartado, taquicárdico, tabagista...
Aquele azulzinho lhe será mortal.

Desrespeitarei, em nome da moral,
da minha moral combalida, encolhida,
meio torta, como uma lagarta na horta.

Mas hoje... A ciência descobriu,
e ó desgraça! Mais uma das tantas
que em em mim sentam praça,
fazem graça, ameaça, trapaça...
Aff... Viagra queima calorias, quem diria!

Isso!  Reduz peso, desobesa, emagrece...
E cá do alto dos meus impressionantes
cinquenta e cinco quilos de pele e osso,
cada vez menos pele e mais osso,
menos osso e mais apreensão na família,
mal posso conter impropérios, palavrões.

E... Doutor, não adianta cara de mau!
Só há uma hipótese de eu abrir mão,
é vir escrito “atenção, efeito colateral:
este produto pode fazer explodir o pau.”

Francisco Costa
Rio, 21/01/2013.

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