Fico
pensando no mais adiante,
quando,
quietinho e encolhido,
eu não me
bastar na memória
das fartas
colheitas a início,
das
razoáveis colheitas sempre,
e me quedar
ansioso e tenso,
propenso à
flor de que mais gosto.
E fui ao
médico, meu terrorista
preferido,
sempre de plantão,
pronto às
minhas dores físicas e,
literalmente,
as do coração.
Falei-lhe da
minha apreensão,
da
impossibilidade total, de ver
lembrar,
talvez pegar, sentir, e...
Doutor, para
mim será fatal.
Nem pense em
viagra! Ar doutoral:
enfartado,
taquicárdico, tabagista...
Aquele
azulzinho lhe será mortal.
Desrespeitarei,
em nome da moral,
da minha
moral combalida, encolhida,
meio torta,
como uma lagarta na horta.
Mas hoje...
A ciência descobriu,
e ó
desgraça! Mais uma das tantas
que em em
mim sentam praça,
fazem graça,
ameaça, trapaça...
Aff... Viagra queima calorias, quem diria!
Isso! Reduz peso, desobesa, emagrece...
E cá do alto
dos meus impressionantes
cinquenta e
cinco quilos de pele e osso,
cada vez
menos pele e mais osso,
menos osso e
mais apreensão na família,
mal posso
conter impropérios, palavrões.
E... Doutor,
não adianta cara de mau!
Só há uma
hipótese de eu abrir mão,
é vir
escrito “atenção, efeito colateral:
este produto
pode fazer explodir o pau.”
Francisco
Costa
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