terça-feira, 7 de maio de 2013

NASCITURO


Há rumores e desconfianças,
imprecações e alianças
insinuadas na tarde morna
de apreensão e mormaço.

Espera-se algo, intervenções
no cotidiano e no previsível,
como uma explosão solar
ou cavalos alados nas árvores.

Há silêncio e imobilidade,
olhares desconfiados
escorrendo disfarçados
na tarde baldia de sonhos.

Sabem todos do inusitado,
do testemunho primeiro
do que nunca se soube,
de palpos sobre insetos.

A tarde é de agonia
e nas montanhas distantes
hordas de não se sabe o que
concentram-se compenetradas.

Mas há um menino, um menino
vestido de inocência e risos,
justamente o que tem a arma
para reinaugurar a tarde
e dissipar o medo.

Nascerá no natal.

Francisco Costa
Rio, 19/12/2012.

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