Sou um
ingênuo, parece...
Com todos
esses sons de morte,
arrisco-me a
pronunciar preces.
Ingenuidade
tonta a minha...
Com tantas
bombas a ribombar,
ainda
acredito na flor que definha.
Arrisquei-me
e apostei no homem,
réptil sem
passado e sem destino,
gesto
presente num olhar bizantino.
Perdi-me em alquimias
cotidianas,
em seitas
teológicas e profanas,
aerostatos e
bombardeios frios.
Construí
imensos sonhos colossais,
a
alimentarem-se no meu substrato,
em bilhões
de células mentais.
Fugi do pão
e do circo (filosofia?)
e caí no
feijão e futebol,
conformei-me
com os conformados,
fiz de
templo o que era paiol.
Talvez
amanhã eu já não exista,
seja uma
imagem abstrata e desfeita.
Pode ser até
que, antes, eu desista
e me torne
uma máquina perfeita.
Mas hoje,
não... Ainda hoje, não.
Apesar dessa
arma na mão,
continuarei
cometendo versos.
Por que
pararia? Parar por quê,
se cometer
versos é também
uma maneira
de morrer?
Francisco
Costa
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