Mudo,
continuarei a escrever versos
porque falam
aos olhos de quem os lê.
Surdo,
restarão ainda os olhos atentos,
fotografando
momentos que virarão versos.
Sem olfato,
impossibilitado aos perfumes
de rosas
flores e rosas mulheres,
cantarei
formas e cores outras em versos.
Imune a
sabores, gourmet compulsório
interditado
ao mais natural dos vícios,
pouco direi
do que me apraz, em versos.
Insensível
ao tato, em dormência permanente
as mãos,
dedos, cada ponto de contato e encanto,
buscarei
formas de descrever formas em versos.
Cego,
habitarei a minha memória, partilhando
cores,
cintilações, transparências, feições
postas à
disposição de muitos versos mais.
Mas impedido
de versos, proibido em definitivo
ao jogo de
ordenar palavras e ordenhar sentimentos
estarei,
finalmente, mutilado.
Francisco
Costa.
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