terça-feira, 7 de maio de 2013

MUTANTE


Mutante, alterno-me entre raiva e sorrisos,
sem limites precisos, como se sempre verão,
ora brisa morna, logo sol escaldante e,
sem mais nem menos, relâmpago e trovão.

Se fui inverno não lembro. Imune ao frio,
quando calei ou baixei os olhos e o nariz,
longe de estar passivo ou infeliz, ardia
ainda a caldeira, embora sob a campânula
da necessária e momentânea dissimulação.

Instantes de outono? Passagens de primavera?
Não sei, não lembro. Ardeu em mim tanto
um calor tórrido, interrompido às vezes,
que outras estações não passarão,
em mim será sempre verão.

Francisco Costa

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