Um trompete
rasga essa manhã de chuva,
nublada e
triste como estou agora.
Sigo o som e
encontro gaivotas, azaléas,
uma multidão
de cores esparramadas
me dizendo
que a felicidade é possível.
Agora é um
órgão, um teclado sonoro
apontado o
sagrado, os mistérios
somente
entrevistos, sem o uso dos olhos.
Há uma
transcendência oculta só suspeitada
e ela
derrama em mim medo e curiosidade.
E os violões
chorando males de amores,
tão
cotidianos e sem solução, incomodando,
rasgando
fininho na alma atenta ao instante,
enlaçando-nos,
com suas cordas, nos liames
do se saber
só e transitivo, carente de alguém.
Os fagotes,
de ar grave e importante;
a mal
humorada tuba, a seriedade dos baixos;
o trombone,
fardado esperando promoção...
Tudo me
convida ao êxtase nessa manhã.
Mas tão em
mim estou que a identificação
é imediata:
sou só aquele triângulo
quase
anônimo, estalando disfarçado
em curta
pausa, entre acordes poderosos,
meras
pedrinhas na cumeeira
a intervalos
de trovoadas.
Estar só,
dói. Ser só dói muito mais.
Francisco
Costa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário