Vou
construir o maior out door do mundo,
um mural do
tamanho do mundo,
e com jet e
paciência, em letras garrafais,
enormes,
escreverei uma única palavra,
a mais gasta
de tão pronunciada, escrita,
anunciada:
AMOR.
Escreverei
pura e simplesmente amor,
não mais.
Será um mural enorme,
de maneira
que ninguém tenha os olhos imunes e,
compulsório,
se veja obrigado à leitura.
E amor lerá
a moça de coração baldio,
esperando
ocupação, o moço atento
a corações
desocupados, o menino
em crise de
abstenção, esperando doses de crack
ou de
família, a menina grávida, subtraída de si,
reduzida a uma
espera para esperar.
Amor, lerá o
palestino nas fronteiras de Israel
e o
israelita no coração da Palestina.
Amor,
cintilará nos letreiros de Walt Street,
acordando
aborígenes na Austrália, esquimós,
índios
brasileiros. Amor, escorrerá dos Andes
e do Himalaia,
rasgando retinas e corações.
Amor,
simplesmente amor, essa coisa gasta,
pronunciada
em vão, usada para justificar
o
injustificável porque nascido morto, sem amor.
Um amor tão
grande, que possa nos unir a todos
em um beijo
único, eloquente e duradouro,
em abraço de
amante que chega, de filho que vai.
Nesse dia já
não haverá mais humanidade
mas um homem
único com bilhões de corpos
partilhando
a saciedade numa ceia de sorrisos.
Francisco
Costa.
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