terça-feira, 14 de maio de 2013

MINHAS PÁTRIAS


Minha  pátria cresceu.
Meus pés pisam agora terras
Que supus  estranhas, distantes,
E incorporo sotaque sorrível
Aos conterrâneos de cá.

Não, minha pátria não migrou.
E se cresceu, nada incorporou.
Eu é que talvez tenha crescido
Tanto e a tal ponto  que minhas pernas
Cresceram e também pisam lá.

O Tejo agora deságua no amazonas
Ou o Amazonas deságua lá, sei lá,
Com araras nas árvores de Lisboa
Ou Lisboa  é que faz fronteira com o Pará.

Portugal, eu não te conhecia,
Salvo o que vi nos livros, e não agradou.
Vi caravelas levando ouro e índios,
Tosquiando  as matas, erigindo senzalas.

Mas como culpar essa gente de hoje,
Que hoje me beija, se meus avós antigos
Foram cúmplices e se aproveitaram juntos?
Esqueçamos, foi briga de amor, reatamos.

E o meu coração, coitado, já não entende nada.
Se sempre bateu acelerado no ritmo do samba,
Agora alterna ritmos em taquicardia apaixonada
Surpreendendo-se na cadência leve de um fado.

Francisco Costa
Rio, 23/11/2012.

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