Minha pátria cresceu.
Meus pés
pisam agora terras
Que
supus estranhas, distantes,
E incorporo
sotaque sorrível
Aos
conterrâneos de cá.
Não, minha
pátria não migrou.
E se
cresceu, nada incorporou.
Eu é que
talvez tenha crescido
Tanto e a
tal ponto que minhas pernas
Cresceram e
também pisam lá.
O Tejo agora
deságua no amazonas
Ou o
Amazonas deságua lá, sei lá,
Com araras
nas árvores de Lisboa
Ou
Lisboa é que faz fronteira com o Pará.
Portugal, eu
não te conhecia,
Salvo o que
vi nos livros, e não agradou.
Vi caravelas
levando ouro e índios,
Tosquiando as matas, erigindo senzalas.
Mas como
culpar essa gente de hoje,
Que hoje me
beija, se meus avós antigos
Foram
cúmplices e se aproveitaram juntos?
Esqueçamos,
foi briga de amor, reatamos.
E o meu
coração, coitado, já não entende nada.
Se sempre
bateu acelerado no ritmo do samba,
Agora
alterna ritmos em taquicardia apaixonada
Surpreendendo-se
na cadência leve de um fado.
Francisco
Costa
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