Sim, cheguei
onde quis
E se mais
longe não cheguei
Foi porque
mais longe não quis.
Dispo-me de
minha voz imperativa
E de longe a
observo senhora de si
Anunciando
decisões
Apontando
caminhos
Incitando
multidões
Murmurando
carinhos.
Ei-la, troante
e dominadora,
Em salas de
aulas,
Auditórios,
Palanques,
Trios
elétricos
Carros de
som.
(mesmo
quando baixou o tom,
Em
interrogatórios e acareações,
Seguiu
firme, dura, personalizada,
Com
dignidade e cinismo disfarçando,
Escondendo a
insegurança e o medo)
Auto
suficiente ou presa a microfones
Ei-la
ordenando greves
Interrompendo
greves
Direcionando
greves
Grave,
gritada, engendrando caminhares.
Mas sempre que se calou, emudeceu
Deixando-me
quieto no travesseiro
Foi pra
mostrar que Deus fez piada:
Sabedor da
minha fragilidade,
Talvez
apiedado,
Deu-me essa
voz danada.
E quem a
ouviou se equivocou,
A seguiu sem
saber que sem ela
Sou
pequenininho, sou nada.
Francisco
Costa.
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