Em recôndito
canto guardo segredos,
Todo o dito,
escrito e arrependido,
Os gestos
inúteis, vãos, despropositados;
As
iniciativas que envergonharam,
Todos os
arrependimentos e remorsos.
Finjo que
nunca acontecidos, inexistentes,
E cuido para
que sepultura não violada,
Arquivo com
a chave do cadeado perdida,
Coisa que
não se faz presente, esquecida.
Mas de que
adianta tanta preocupação
Em me fazer
imune ao que é triste
Se a
consciência do recôndito canto existe?
Como fingir
que o que aflige está inerte
Se o meu
coração não tem tecla de delete?
Como fingir
que não foi comigo
Se a vítima
e autor é meu confidente
Cobrando,
permanente, por ser amigo.
Fácil se
abrigar da chuva,
Difícil
fazer parar a chuva.
Latejam
ainda em mim
As dores que
semeei
E as que
encontrei.
Meus versos:
fingimento de que as deletei,
Mais uma
atitude insensata e desencontrada
A ser
colocada no recôndito canto disfarçado,
Como se em
algum momento abandonado,
Onde me
erigi o que sou e me fiz o que sei,
Esse
relicário de salgas, tapas e dissabores.
Viver é deletar
sorrisos e colecionar dores!
Francisco
Costa
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