terça-feira, 7 de maio de 2013

INSENSATOS


Que mundo é esse que, ajardinado
se desertifica em machados e tratores,
presta culto à destruição?

Que espécie insensata é esta, inocente,
que se aparta em metades moribundas,
metade morrendo na obesidade
e metade na subnutrição?

Que estranho e antinatural animal é esse,
que mija e caga na água que vai beber,
que mata hoje o bicho e a planta
que um dia iria comer?

Pobres de nós, insetos equivocados
palmilhando o chão dos equívocos:
nomeamos tudo, navegamos estrelas,
nos abraçamos em extremos do planeta
numa realidade cibernética, digital,

mas nos esquecemos, corpo e coração
nas cavernas, de onde nunca saímos.

Não bastam filosofias nem religiões.
O Homem tem que reinaugurar a si mesmo,
de maneira que adiante tenhamos passado
e um novo mundo abrigue as próximas gerações.

Até aqui só fomos bichos daninhos e danados,
com a pretensão de ser a si pensado.

Morremos confundindo berço e túmulo.

Francisco Costa
Rio, 24/02/2013.

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