Acabou,
garota.
Cada vez me
habito mais,
Me pertenço
mais,
E nestas
trevas interiores
Não cabe
mais ninguém.
Fostes só
mais um sonho absurdo e impossível,
Um instante
roubado e não incorporado
Ao meu
mundinho interior, cada vez menor.
Amanhã
anunciarei revoluções,
Comporei
canções.
Entre gritos
de guerra e orações
Apontarei o
meu instante no futuro,
Atolar-me-ei
na lama das lágrimas,
Recolherei
aplausos na encenação da solidão.
Acabou,
garota.
E acabar com
um pedaço da gente
É tão chato
e triste como ver o relógio batendo,
Continuamente
batendo, quando se está ausente.
Fostes um
poema inteiro,
És só um
verso destacado do texto.
Mas é neste
verso, exatamente neste verso,
Que jaz o
pretexto para outros versos eu escrever.
Acabou, garota.
E acabar com
o futuro
É tão
absurdo como estancar hemorragia
Quando a
última gota de sangue já pingou.
Acabou,
garota.
Acabou.
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