Em mãos de
rugas e calos, desidratadas,
mais nem por
isso menos leves, menos
afeitas a
carícias e versos, carinhosidades
que se
espalham por aí, distraídas,
canetas,
lápis e teclas trabalham,
escrevendo
sentimentos que insistem.
Nem primeira
nem terceira idades,
nem idades,
porque pairam, leves e doces,
sobre a
ausência de cronologias,
relógios,
cansaços, calendários.
São as
meninas de corpos cansados,
as que a
vida maltratou e o tempo cansou,
mas
impotentes para tocar-lhes as almas,
intactas,
virgens como no instante primeiro.
Com elas
podemos namorar sem compromisso
porque cada
poema um beijo, e até casar
sem seus
próprios consentimentos,
já que
presenças diuturnas, em versos,
casadas
conosco em pensamento.
São as
musas, as que se fizeram eleitas:
Tereza de
Calcutá, Irmã Dulce, Dona Canô...
Uma
constelação de torrões de açúcar
a insistirem
que podemos ser doces.
E as vovós
poetas, Cora Coralina
e mais as
muitas por aí, destilando mel.
Pouco
precisam de fantasias, porque nelas
feitas
experiências, fontes de risos,
poços de
lágrimas, armários de segredos.
Aos comuns,
a imaginação fértil e criativa
nascendo
letras, fonemas, poemas.
Nelas a
memória pescando momentos,
quando,
cheias de rugas, netos, cansaço
vergando-as
em cada minuto de cada dia
escondem-se
dos espelhos dos comuns
para se
verem refletidas nos espelhos da poesia.
Francisco
Costa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário