terça-feira, 7 de maio de 2013

EM MANHÃ DE SOL E SAUDADE (Pra Sonia Costa, in memoriam)


Lembro-te
como um ano sem estações,
sempre floradas, em primavera,
constância de beijos, presença
diuturna de solares sorrisos.

Eras vegetal pronto a cópulas,
danças de borboletas baldias
adejando os teus lábios,
rubras pétalas de pólen e néctar,
fonte de poemas e realização.

Agora, noite em permanência,
sempre inverno de silêncio e frio,
caminho sem saber onde estás,
como simples sombra, ausência
de materialidade e luz, espectro
do que fui um dia em teu corpo
cansado esperando recomeços.

Por onde andarás agora, imaterial,
só imagem de memória, saudade,
inquirição de quem se deu
e se perdeu em ti, prematuridade
de ausência esvaziando dias, anos
adormecidos nos calendários?

De que matéria te teces agora,
se impressionas tudo o que toco,
em presença constate de quem
saiu a pouco, para voltar logo?

Onde estás de direito, por lei,
Porque de fato estás comigo,
Partilhando o meu monólogo.

E o mais, não sei, não sei...
Desconfio mas não digo,
Espero, como quem espera abrigo.

Francisco Costa
Rio, 20/04/2013.

Um comentário:

  1. O que dizer frente tamanha beleza exposta em sentimentos..."E o mais, não sei, não sei...beijo querido poeta! <3

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