O poeta é um
indivíduo de espécie em extinção.
Ele não cabe
nesse mundo novo de supérfluos,
onde tudo é
simples, superficial, passageiro.
Adaptado à
ecologia do complexo, da lentidão,
onde tudo se
faz gradativo e comungado, sempre,
o poeta
sobra e morre no mutável rapidamente.
Nos
shoppings dos poetas só cabem sentimentos,
artigos
imperecíveis que nunca saem de moda,
não exigem
substituição para a alimentação do mercado.
Os poetas
guardam em si a eternidade:
têm mentes
futuristas,
corpos
contemporâneos
e o coração
no passado.
Não se
bastam nem se cabem
em sucessão
de fatos e sentires,
onde cada um
mata o antecedente.
O poeta
desafina no coro dos contentes,
sorri em
sexta-feira da paixão,
chora no
carnaval.
Sempre na
contramão do que convencionaram sensato,
o poeta é um
mendigo no shopping, um grito mudo
uma
impertinência que persiste enquanto não morre.
Francisco
Costa.
Rio,
07/02/2013.
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