Saibam
tantos quantos
estas minhas
palavras lerem
ou delas
tiverem conhecimento,
que daqui a
uma semana nascerá um menino.
E dele
emanarão todas as forças capazes
de nos fazer
homens e mulheres melhores.
E todo aquele
ou aquela que se encontrar em dúvida
terá nele o
exemplo perfeito e correto
para pautar
com segurança os próprios passos
no caminho
da paz, da segurança e da felicidade.
Dele
dir-se-á e se escreverá muita coisa,
entre
exageros, invenções e omissões,
mas, depois
de tudo, sobrará ainda o maior de nós,
aquele que
caminhou na lama, mergulhou na lama
e se ergueu
incólume, limpo, sem manchas
e sem
máculas, sem uma nódoa sequer,
para mostrar
que o mal é exterior ao homem,
que basta
não se deixar contaminar.
Parecerá um
menino comum entre meninos comuns,
brincando,
aprendendo, observando...
Com o olhar
doce e calmo dos predestinados.
Ainda
adolescente desafiará os sábios
e mostrará
sapiência incomum para a sua idade,
para o seu
tempo: a sabedoria dos iluminados;
e adulto
carregará a mansidão dos cordeiros,
a coragem
dos heróis, a resignação dos fortes.
Com palavras
duras e gestos contrariados
desafiará os
mercadores dos templos,
que
persistem entre nós até hoje,
e denunciará
os falsos profetas,
que ainda hoje
insistem em profetizar falsamente.
E negará os
falsos deuses, os deuses do ódio e da vingança;
os do
comércio e do luto, das tragédias e tempestades,
os falsos
deuses tão anunciados e cultuados,
a
nutrirem-se dessa nossa triste realidade cotidiana.
Em aparente
contradição se curvará aos carrascos
e ao açoite,
ao escárnio e às cusparadas,
mostrando-nos
a insensatez da injustiça,
da
prepotência, da inveja e da covardia.
Por fim,
ainda jovem, como milhares de jovens
que
amanhecem sem vida, sem amanhã,
nas beiras
de estradas, malas de carros
e terrenos
baldios, terá o corpo preso a uma cruz,
entre
delinquentes, a nos mostrar o destino comum,
a identidade
entre indefeso e carrasco,
presa e
predador, vítima e agressor,
todos muito
iguais porque filhos do mesmo Criador.
E quando
pensarmos que partiu,
está longe
ou não mais existe,
descobriremos
que insiste e persiste
em cada um
de nós, livre e pleno em alguns poucos,
encarcerado
e sangrando ainda no peito da maioria,
mas pronto
para perdoar e abençoar
e anunciar
que todo dia pode ser natal.
Francisco
Costa
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