terça-feira, 7 de maio de 2013

E SE...


E se os que correm pelas ruas
e malham nas academias,
esculturando o corpo que o tempo vai modificar,
fossem para as bibliotecas
amealhar coisas que o tempo vai deixar?

E se os que usam os dedos em gatilhos,
espalhando medo, humilhação e dor,
usassem em teclados para digitar poemas
em permanentes partilhamentos de amor?

E se o supérfluo não fosse tão essencial
e o essencial tão negligenciado,
a  saciedade e a satisfação, a abundância
tombariam para que lado?

E se deixássemos Deus em paz, sem a tortura
dos rogos fúteis de mais um carro, emprego,
ajuda em brigas, uma colinha na prova do aluno
e nos preocupássemos com coisas úteis,
como a comunhão do bem e o culto à fartura?

E se fizéssemos do respeito e da solidariedade
o pão nosso de cada dia em cada dia,
de cada encontro uma oportunidade de poesia?

Certamente o mundo não se tornaria um paraíso,
mas ouviríamos bem menos o clássico “eu preciso”.

Francisco Costa
Rio, 30/12/2012

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