Que dizer da
dama posta em minha cama
senão que
purga encantos, destila sonhos
entre o
anoitecer e a alvorada, surpresas
e surpreendências
inundando as noites?
Como
descrever o desempenho de gata
espreguiçando-se,
elástica e nua,
entre
lençóis, cios e cobertores?
Como fazer
palavras o que é movimento,
insaciedade,
degredo de silêncios,
exílio do
que se quer quieto e alheio?
Como impedir
essa plenitude de delírios,
esse não
saber se comportar, intimidado,
diante da
exuberância em estado máximo,
maculando a
sensatez e o comedimento?
Como me por
interdito, em negativa, avesso,
se a vida
escorre com todos os seus atributos,
entre
lençóis e cobertores, sobre a minha cama?
Como dizer
não numa conspiração de sins,
recuar em
plena batalha de carnes e hormônios
se o que
quero é a permanência do instante?
Como
fingir-me cego se a luz é intensa,
escorre
sobre o seu corpo de curvas
e se aloja,
definitiva, em meus olhos?
Como, como,
digam-me, me despir do sonho
se sonho e
realidade fizeram-se coisa única
entre lençóis
e cobertores, sobre a minha cama?
Francisco
Costa
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