Hoje, em
troca de tiros
em um nicho
de miséria,
uma criança
morreu.
Ninguém sabe
ou saberá.
Ontem, em
ato de terror
em um nicho
de riqueza
uma criança
morreu.
O mundo
soube ou saberá.
Hoje um
menino negro,
de fome, em
uma favela,
não mereceu
palavras.
Ontem um
menino branco,
bem nutrido,
escolarizado
mereceu
pranto e lástimas.
Hoje um
menino negro
teve
interrompido os sonhos.
Ontem um
menino branco
teve
interrompido os sonhos.
Chora o
mundo o menino
morto na
sede colonial,
ninguém sabe
do menino
morto na
colônia.
Choram
coloniais e
colonizados
um único
menino morto.
Quando a
escravidão terminou,
levas de
negros vararam cercas,
violaram porteiras,
partiram.
Muitos, por
insegurança e medo,
permaneceram
nas fazendas,
acomodados
na condição.
Os que
partiram aprenderam
a chorar os seus
filhos mortos.
Os que
ficaram, continuaram
a chorar só
os sinhozinhos
mortos, sem
saberem-se
mortos também.
Francisco
Costa.
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