terça-feira, 7 de maio de 2013

CHOUPANAS E MANSÕES


Na choupana de pau a pique, telhado de lata,
dois meninos jogam damas, uma menina
distraída, compenetrada, põe a boneca em sono.
A velha avó tricota os fios da eternidade,
um casal geme a chegada de mais gente.

Na mansão de metais e vidro fumê,
dois meninos partilham droga,
uma menina chora a própria gravidez.
A velha avó reclama da solidão,
o casal não está, espera a noite para o encontro.

Na choupana de pau a pique, telhado de lata,
mora a felicidade e toda a sua família.
Na mansão de metais e vidro fumê
não mora ninguém. É só um depósito
de corpos blindados em metais e vidro fumê.

Por isso tantos seguranças nos condomínios de luxo,
para impedir que a felicidade venha e estrague tudo.
Pensam que são felizes assim.

Francisco Costa
Rio, 06/03/2013.

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