Na choupana
de pau a pique, telhado de lata,
dois meninos
jogam damas, uma menina
distraída, compenetrada,
põe a boneca em sono.
A velha avó
tricota os fios da eternidade,
um casal
geme a chegada de mais gente.
Na mansão de
metais e vidro fumê,
dois meninos
partilham droga,
uma menina
chora a própria gravidez.
A velha avó
reclama da solidão,
o casal não
está, espera a noite para o encontro.
Na choupana
de pau a pique, telhado de lata,
mora a
felicidade e toda a sua família.
Na mansão de
metais e vidro fumê
não mora
ninguém. É só um depósito
de corpos
blindados em metais e vidro fumê.
Por isso tantos
seguranças nos condomínios de luxo,
para impedir
que a felicidade venha e estrague tudo.
Pensam que
são felizes assim.
Francisco
Costa
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