BEATLES

Você garotão, garotona, dos funks e rocks

seria  ouvido em seus anseios, se inesperado

tomasse o caminho contrário ao dos ventos,

levando os  seus/suas companheiros de baile

a colocar ternos, abandonar festas, ficar sérios?

Compenetrado, sisudo, atento ao já morto,

em mão inversa compor guarânias e boleros?

E colaborar na edificação de ditaduras cruéis

em cada canto do mundo, mastigando crânios

torturando inspirações, aspirações, projetos?

E por novamente na ordem do dia a virgindade,

a submissão feminina, o machismo, a censura?

E construir pacientemente  o desespero e o medo?

Não, você não ousaria, seria empreitada inglória.

Pensa que sou maluco, me perguntaria.

Pois lhe digo que o mundo já foi assim um dia.

Mas acabou, foi demolido, é só lembrança.

E saiba que nessa radical mudança

quatro loucos, do tipo que não serias,

segundo você, contribuíram , radicais,

com as marretas da música

e a dinamite do comportamento,

na demolição do que era velho

para a  construção do que hoje desfrutas.

Quatro meninos como você, quatro garotos

que, sem granadas e metralhadoras, aviões,

empreenderam e venceram a guerra

contra o velho, as velhas gerações.

Paul, John, George, Ringo. Quatro nomes

a não serem esquecidos. Mas, se esquecer,

chame-os de Beatles, serão reconhecidos.