quarta-feira, 8 de maio de 2013

APOCALIPSE (Um poema com raiva)


Um dia amanheceremos em mil sóis,
Num clarão de toda a galáxia
Derretendo ferro e pedras.

Neste dia infenso será a compra de
defesas e indulgências, salvos condutos.

Em vala comum alimentarão abutres
O nobre deputado e o bêbado da esquina,
A puta e a beata, cada um de nós.

O planeta estará finalmente semeado
Da flora  definitiva e infernal:
Cogumelos de átomos desfeitos
Para a consumação do nada.

 Flores calcinadas, pássaros sem asas
Mares de areia e sal, sangue e lágrimas 
Na noite dos séculos começando agora.

Hecatombe, Armagedon, mais um Reich?
Não. Só a decisão de meia dúzia de deuses
Encarnados gente, tomando decisões
Equivocadas, crentes de dias seguintes.

Neste dia de anticristos e hostes infernais
Entre moscas, silêncio e medalhas
Apodrecerão os comandantes e generais.

Entre livros, certezas, e objetos sagrados
Todas a sabedoria dos líderes religiosos,
Todas as pretensões pastorais, sacerdotais
Pequenas demais para impedirem,
O fim do mundo que tomba, a insanidade,
A estreiteza mental, a bomba.

Francisco Costa
21/01/2013

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