quarta-feira, 8 de maio de 2013

ANTIMUSA MALDITA


Maldição, tu tens nome
E que se estampa, vergonhoso
Em cada mente e coração:
Corrupção!

Entranhas como umidade,
Sem que nos apercebamos,
Até se tornar inundação.

Ladra do futuro, subtrais
Saúde, comida, educação,
Lenta e gradativa, mas ativa,
Como chama de vela, pouca,
Mas que consome e derrete,
Leva o lume à exaustão.

Mãe da miséria,
Padroeira das necessidades,
Protetora de quereres e faltas,
Em tuas letras oram, imorais,
Os de putas paridos,
Como frutos fedidos
De uma indigestão.

Nem mesmo o risco de escândalos,
O opróbrio público, a desmoralização
Te contêm nos trâmites da moralidade,
Arregimentando ladrões,
Cooptando falsários,
Acumpliciando-se, insidiosa e perene,
Com os que de humanos só têm o aspecto.

Cancro travestido saúde, chaga, câncer,
Corróis o organismo social como cupim,
Na diabólica missão de subverter  tudo,
fazendo iguais os que te invejam,
amadurecendo o momento de por as mãos
no alheio, no do próximo, desleal e cruel,
incorporando bens, vidas, destinos, futuros
ao teu acervo de ignomínias e despropósitos.

Verme que se imagina mais que verme,
rastejas nos charcos de gemidos e dores,
ranger de dentes no ódio, conspirações,
deixando uma assinatura de vergonhas
para os teus descendentes, beneficiários
da expropriação imposta aos inocentes.

Cuida-te. Os organismos só suportam sangrias
Até o limite da irreversibilidade da morte,
Momento de reconsiderar a indiferença
E avançar sobre o que sangra, em hemorragia
De difícil contenção. Cuida-te. Já descobrimos
Que a desgraça coletiva tem nome: corrupção!

Francisco Costa
Rio, 23/04/2013.

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