Esperam que
eu cante sempre o amor,
De
preferência nu, encarnando corpos
Molhados,
melados de sêmen e tesão.
Sim, há que
se cantar o amor, aura clara
Iluminando
camas e becos, gargalhadas
Postas em
chegadas, vindas, orgasmos.
Mas não
basta. Há o amor que não se anuncia,
Só se
insinua, como o olhar mal disfarçado
Da moça do
outro lado da calçada, esperando
Que o
cidadão atravesse a rua e o sorriso
Estampado
repentino, grávido de promessas.
Há o amor de
esperas, não realizado, adormecido
No que não
sabe possível porque desconhecido,
Coisa
exótica no ecossistema mental dos comuns,
Mera
hipótese não cogitada, um nada latente
Pulsando-se
segredo distante no inocente.
O amor não
realizável porque nascido morto,
Discordância
no que não se pode tranquilo
Em rapidez
de realização imediata, urgente
Nos trâmites
do moderno, contemporâneo
Correndo
corredores e anunciando o agora.
Entre esses
amores, anuncio-me no teclado
Certo de que
de alguma maneira serei amado.
Francisco
Costa
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