Ah! Esse
poeta alienado,
O sábio das
nulidades
Me
contestando
Em cada
comentário.
Acho
engraçadíssimo
Quando do
alto da sua douta sapiência
Afirma que
viés de poeta é diferente
Do viés do
revolucionário.
Primeiro
olho em volta, a meu redor
E não vejo
nenhum revolucionário.
Aí vou ao espelho e continuo sem ver.
Depois
vasculho os escaninhos da memória
E imagino
Lorca, Neruda, Brecht, Maiacovsky,
Castro
Alves... Ouvindo os mesmos conselhos:
“meu filho,
canta a musa, esquece o povo!”
Ou talvez o
ideal fosse eu me recolher
E me
acreditando terminar em minha própria pele,
Implorar o
paraíso quando a minha pele se romper.
E me acha
vaidoso, o que admito, por humano,
Mas não a
ponto de criar um grupo meu, só meu,
Deixar um
poema fixado, para três curtições
E um
comentário, e afirmar: “eu cedo espaço
A quem tem
afinidade com as propostas do grupo.”
Não
reconheço censores, não aceito censores
Abomino
censores, e durante toda a minha vida
Mais não fiz
que transgredir as vontades dos censores.
Os que
tentaram me direcionar ficaram pelo caminho.
Ah, sábio
das nulidades, teórico do vazio,
Intelectual
da nobreza posta no improvável,
Como és
nocivo ao futuro, pregando a alienação,
O trancar-se
em si, o cuidar da própria salvação.
A
solidariedade não se mede em metros,
Ser junto
transcende distâncias,
E mesmo com
a musa ao lado, na cama,
Junto estão os
que sofrem de fome e impaciência,
As vítimas
dos individualistas que as roubam,
E dos
individualistas que as deixam ser roubadas.
É seu o
inalienável direito de ser alienado,
Tanto quanto
meu o de ser consciente.
Não tente
impor o ego como eixo do mundo
Porque isso
mãe das ditaduras, pai do fascismo.
Meu canto é
de solidariedade sim, e continuará.
Cantarei as
minhas musas, desnudas em corpo,
Despidas na
alma, com a túnica do amor, apenas.
Mas sem
nunca deixar de cantar os de outra nudez,
Os despidos
de tudo, casa, comida, educação, amanhã.
Orgulho-me
quando deixo de ser único porque outro
Chorando nos
meus versos, pedindo solução.
Só me sinto
só em momento de oração:
Senhor, faz
da pele do meu saco, elástico,
Para que eu
possa suportar os chatos,
Os
impertinentes e os inoportunos, amém.
Francisco
Costa.
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